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terça-feira, 30 de setembro de 2014

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO DE OPINIÃO “A CASA MAL ASSOMBRADA DE MANUEL ANSELMO”

Mesmo já se tendo passado pouco mais de 400 anos desde a Revolução Científica, boa parte dos seres humanos ainda não conseguem distinguir as verdades científicas advindas das mais variadas Ciências e seus métodos investigativos, de suas opiniões de cunho pessoal nascidas do estudo, experiências, crenças, interpretações... Falar de um assunto que se conhece já não é fácil, quiçá falar de uma ciência-filosofia que não se conhece uma letra.

A Doutrina Espírita segundo Allan Kardec, o seu Codificador, é uma Ciência de observação que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, seres inteligentes da criação, bem como de suas relações com o mundo corporal. E como toda Ciência possui um objeto de estudo que é o conhecimento das leis do princípio espiritual, e tem no método experimental o método investigativo.

Também é o Espiritismo uma Filosofia, pois abarca e analisa todas as consequências morais dessas mesmas relações. Neste sentido, Ciência e Filosofia dão- se as mãos despertando em seus adeptos o sentimento fraterno e de religiosidade perante Deus e sua criação, pois faz compreender que “fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” (Allan Kardec).

Ao longo do tempo, algumas histórias de temor foram usadas para amedrontar e evitar o progresso da humanidade em todos os campos, principalmente a título de “sobrenatural”. Neste sentido, a história mostra que a Ciência e a Filosofia foram as bases seguras que auxiliaram a sociedade a encontrar a luz do conhecimento e sua libertação do mistério, do místico, do ignorado, que muitas vezes era usado como forma de dominação.

 E o que antes era sobrenatural, deixa-o de ser após o conhecimento das leis que regem o fenômeno que se antes era do demônio ou do “deus vivo”, com a Ciência e a Filosofia passa a ser conhecido, entrando na lista das coisas naturais, destronando despóticos (seres e Instituições). Não é a libertação do mistério, do místico e do ignorado a que se propõe o Espiritismo quando estuda as leis que regem o princípio espiritual?

Dito isso, forçoso é informar que a Ciência Espírita e a Parapsicologia possuem métodos, objeto e critérios diversos, tal como a Física e a Biologia, não sendo possível confundi-las, por razões óbvias. Se a Parapsicologia estuda a Telequinésia, fotos supranormais, a catalepsia, transmissão do pensamento, hipnotismo, em nada se pronuncia o Espiritismo, pois estes não são de sua alçada. Aquele que confundi o Espiritismo e a Parapsicologia não pode ser levado a sério, pois ou é ignorante deste ou daquele assunto e dele não pode falar sem cair no descredito de opiniões infundadas, ou ainda, coisa mais grave, utiliza-se de má fé para descaracterizar o Espiritismo ou a Parapsicologia, o que seria nefasto.

Importa esclarecer que no seio da Doutrina Espírita, não há a expressão “manifestações espíritas”, muito empregada por leigos, e sim manifestações espirituais, ou melhor, fenômenos mediúnicos nos quais Espíritos entram em comunicação com aqueles do mundo corporal. Fenômenos estes registrados em todas as épocas da humanidade e que ocorrem cotidianamente em residências habitadas ou não, locais de trabalho, no meio da rua, em igrejas ou em qualquer outro lugar, assim como a ocorrência de qualquer outro fenômeno, objeto de estudo de outras Ciências. A título de exemplo citamos uma reação química (estudada pela Ciência Química) de um “Sonrisal” quando colocada em um copo com água, que pode se dá em nossos lares ou na praia, também nada impede que um fenômeno mediúnico ocorra em qualquer lugar.

Agora para se estudar o fenômeno é necessário recolhimento, local adequado, método, estudos sérios e pessoas capacitadas e interessadas para observar, analisar e extrair os resultados. Não seria essa a razão dos pesquisadores da Ciência Química utilizar laboratórios para a observação dos fenômenos em detrimento das praças públicas e dos palcos? Se assim o é, por que os Espíritas promoveriam suas reuniões mediúnicas – esse é o termo correto em detrimento de “sessão espírita”, erro que denota total falta de saber acerca do Espiritismo, em praças públicas como um espetáculo, já que o objetivo de tais reuniões é o estudo do fenômeno, a verificação de autenticidade do mesmo, e o auxílio quando possível?

Desta forma, é que procederam diversos pesquisadores da Física, Astronomia, Medicina entre outras, tais como Alexandre Aksakof (Animismo e Espiritismo), Cesare Lombroso, William Crookes (Fatos Espíritas), Gabriel Dellane (O Fenômeno Espírita), León Dennis, Hemínio Correia de Miranda, José Herculano Pires, Camille Flammarion, Carl Du Prel, Sir Arthur Conan Doyle, dentre muitos outros que quando solicitados seja pela sociedade, seja por seu espírito científico, a opinar sobre a veracidade dos fenômenos mediúnicos, e, diga-se de passagem, que muitos destes possuíam opinião contrária, renderam-se as evidências e resultados obtidos de seus experimentos e estudos.

 Com humildade e coragem reconheceram como possíveis e verídicas a comunicação dos que haviam partido do corpo. E sinceramente prefiro andar no meio de “patetas e idiotas” como estes que buscam a verdade nas causas do fenômeno do que com o “grande pensador” e ex-mágico James Randi, que se limita a comprovar se alguém fala a verdade ou não quanto aos fenômenos paranormais que dizem possuir, fato este que não o torna apto para afirmar se os espíritos se comunicam ou não, fenômenos absolutamente diversos.

Ainda com relação ao termo “sessão espírita”, este é muito vasto, pois pode significar um estudo do Evangelho, sim! Os Espíritas estudam o Evangelho principalmente as máximas morais de Jesus; pode significar um estudo sistematizado da Doutrina Espírita; pode ser uma palestra, uma reunião mediúnica, ou qualquer outra atividade desenvolvida na Instituição Espírita.

  Este é um termo muito amplo, emprega-lo isoladamente sem qualquer contexto denota total falta de conhecimento sobre o Movimento Espírita e o Espiritismo, ou ato deliberado para confundir os quem leem matérias e artigos sobre a Doutrina Espírita. Neste caso penso que seja a primeira alternativa, seja pelas demonstrações do conjunto do artigo, seja por algumas colocações tais como “recôndito de incógnitas e acontecimentos inexplicáveis”, a referir-se a reuniões mediúnicas e local onde ocorra, situação esta que só ocorre aos olhos do leigo, neste caso a relação dos espíritos com o mundo corporal.

Com relação ao desafio da Fundação Rodin este passará muito tempo, se não toda a eternidade sem um vencedor, pois não há fenômenos fora ou acima das leis da natureza, apenas ainda desconhecias ou já conhecidas e não aceitas por opiniões de caráter pessoal, o que é respeitável e não se pode violar a consciência de quem quer que seja, mas estas mesmas opiniões não constituem argumentos contra fatos comprovados cientificamente, por diversas pesquisas. Situação similar foi vivenciada por Galileu Galilei, pois a Terra nunca deixou de se mover devido às pessoas ignorarem ou não acreditarem nos resultados de suas pesquisas.

Também afirmo que não se apresentaram médiuns espíritas por estes serem conscientes de que o fenômeno mediúnico para ser autêntico necessariamente envolve inteligências que assim como qualquer outra são dotadas de vontade, e que mediunidade não é um “poder” no qual o médium usufrua a bel prazer e quando o deseja, mas sim uma faculdade como qualquer outra, com o objetivo de fazer progredir inteleco-moral-espiritual quem a tenha desenvolvido e/ou a sociedade, não entrando nesse rol angariar fundos ou fama para si ou brincar de mágica, o que tornaria a mediunidade uma profissão ou um espetáculo. Se há pessoas que assim procedem, estas não seguem os Princípios Espíritas, não pertencendo ao rol de seus adeptos, tal qual aquele que se diz católico, mas não acredita na infalibilidade Papal, nos dogmas e ritos da Igreja e não comunga, não é católico.

O Espiritismo assim como ocorre a outras ciências, não deseja violar a consciência de quem quer que seja, pois cada um é livre para compreender e aceitar o que se permita. A função do Espiritismo é contribuir com uma sociedade mais esclarecida, consciente e liberta do “sobrenatural”, que ainda hoje atemoriza e é utilizado como forma de dominação e auxiliar a humanidade a progredir.

Por fim, todo aquele que se propõe a emitir opinião sobre algum assunto, seja por artigos ou outras formas deve no mínimo conhecer sobre o que opina, do contrário não expressará mais do que falácias, caindo em total descrédito e no ridículo para aqueles que conheçam o assunto. Mais ainda, assume a responsabilidade pelas opiniões equivocadas geradas naqueles que pouco ou nada sabem sobre o assunto, vinculando-se as consequências destas.

LIVROS A LER SOBRE O ESPIRITISMO

1. KARDEC, Allan. O Que é o Espiritismo;

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos;

3. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns;

4. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo;

5. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo;

6. KARDEC, Allan. A Gênese – Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo;

7. AKSAKOF, Alexandre. Animismo e Espiritismo;

8. CROOKES, William. Fatos Espíritas;

9. DELLANE, Gabriel. O Fenômeno Espírita;

Um comentário:

  1. A melhor maneira de que dispomos para debelar o preconceito de nossa sociedade é através do conhecimento, requisito básico a qualquer um que deseje manifestar-se a respeito de algo. Sem o conhecimento mínimo do que se predispõe a tecer opiniões, corre-se o risco de emitir julgamentos pessoais baseados unicamente em “achismos”, muitas vezes eivados de preconceitos, crenças infundadas e erros.
    Parabéns, Edi Carlos, seu texto é muito esclarecedor.

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