Mesmo já se
tendo passado pouco mais de 400 anos desde a Revolução Científica, boa parte dos seres humanos ainda não conseguem distinguir as verdades científicas advindas
das mais variadas Ciências e seus métodos investigativos, de suas opiniões de cunho pessoal nascidas do estudo, experiências, crenças,
interpretações... Falar de um assunto que se conhece já não é fácil, quiçá
falar de uma ciência-filosofia que não se conhece uma letra.
A Doutrina
Espírita segundo Allan Kardec, o seu Codificador, é uma Ciência de observação que
trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, seres inteligentes da
criação, bem como de suas relações com o mundo corporal. E como toda Ciência
possui um objeto de estudo que é o conhecimento das leis do princípio
espiritual, e tem no método experimental o método investigativo.
Também é o
Espiritismo uma Filosofia, pois abarca e analisa todas as consequências morais dessas
mesmas relações. Neste sentido, Ciência e Filosofia dão- se as mãos despertando
em seus adeptos o sentimento fraterno e de religiosidade perante Deus e sua
criação, pois faz compreender que “fé inabalável é
somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da
humanidade” (Allan Kardec).
Ao longo do
tempo, algumas histórias de temor foram usadas para amedrontar e evitar o
progresso da humanidade em todos os campos, principalmente a título de
“sobrenatural”. Neste sentido, a história mostra que a Ciência e a Filosofia
foram as bases seguras que auxiliaram a sociedade a encontrar a luz do
conhecimento e sua libertação do mistério, do místico, do ignorado, que muitas
vezes era usado como forma de dominação.
E o que antes era sobrenatural, deixa-o de ser
após o conhecimento das leis que regem o fenômeno que se antes era do demônio
ou do “deus vivo”, com a Ciência e a Filosofia passa a ser conhecido, entrando
na lista das coisas naturais, destronando despóticos (seres e Instituições).
Não é a libertação do mistério, do místico e do ignorado a que se propõe o
Espiritismo quando estuda as leis que regem o princípio espiritual?
Dito isso,
forçoso é informar que a Ciência Espírita e a Parapsicologia possuem métodos,
objeto e critérios diversos, tal como a Física e a Biologia, não sendo possível
confundi-las, por razões óbvias. Se a Parapsicologia estuda a Telequinésia,
fotos supranormais, a catalepsia, transmissão do pensamento, hipnotismo, em
nada se pronuncia o Espiritismo, pois estes não são de sua alçada. Aquele que confundi
o Espiritismo e a Parapsicologia não pode ser levado a sério, pois ou é
ignorante deste ou daquele assunto e dele não pode falar sem cair no descredito
de opiniões infundadas, ou ainda, coisa mais grave, utiliza-se de má fé para descaracterizar
o Espiritismo ou a Parapsicologia, o que seria nefasto.
Importa
esclarecer que no seio da Doutrina Espírita, não há a expressão “manifestações
espíritas”, muito empregada por leigos, e sim manifestações espirituais, ou melhor,
fenômenos mediúnicos nos quais Espíritos entram em comunicação com aqueles do
mundo corporal. Fenômenos estes registrados em todas as épocas da humanidade e que
ocorrem cotidianamente em residências habitadas ou não, locais de trabalho, no
meio da rua, em igrejas ou em qualquer outro lugar, assim como a ocorrência de qualquer
outro fenômeno, objeto de estudo de outras Ciências. A título de exemplo
citamos uma reação química (estudada pela Ciência Química) de um “Sonrisal”
quando colocada em um copo com água, que pode se dá em nossos lares ou na
praia, também nada impede que um fenômeno mediúnico ocorra em qualquer lugar.
Agora para se
estudar o fenômeno é necessário recolhimento, local adequado, método, estudos
sérios e pessoas capacitadas e interessadas para observar, analisar e extrair
os resultados. Não seria essa a razão dos pesquisadores da Ciência Química
utilizar laboratórios para a observação dos fenômenos em detrimento das
praças públicas e dos palcos? Se assim o é, por que os Espíritas promoveriam
suas reuniões mediúnicas – esse é o termo correto em detrimento de “sessão
espírita”, erro que denota total falta de saber acerca do Espiritismo, em
praças públicas como um espetáculo, já que o objetivo de tais reuniões é o
estudo do fenômeno, a verificação de autenticidade do mesmo, e o auxílio quando
possível?
Desta forma,
é que procederam diversos pesquisadores da Física, Astronomia, Medicina entre
outras, tais como Alexandre Aksakof (Animismo e Espiritismo), Cesare Lombroso, William
Crookes (Fatos Espíritas), Gabriel Dellane (O Fenômeno Espírita), León Dennis,
Hemínio Correia de Miranda, José Herculano Pires, Camille Flammarion, Carl Du
Prel, Sir Arthur Conan Doyle, dentre muitos outros que quando solicitados seja
pela sociedade, seja por seu espírito científico, a opinar sobre a veracidade
dos fenômenos mediúnicos, e, diga-se de passagem, que muitos destes possuíam
opinião contrária, renderam-se as evidências e resultados obtidos de seus experimentos
e estudos.
Com humildade e coragem reconheceram como
possíveis e verídicas a comunicação dos que haviam partido do corpo. E
sinceramente prefiro andar no meio de “patetas e idiotas” como estes que buscam
a verdade nas causas do fenômeno do que com o “grande pensador” e ex-mágico
James Randi, que se limita a comprovar se alguém fala a verdade ou não quanto
aos fenômenos paranormais que dizem possuir, fato este que não o torna apto
para afirmar se os espíritos se comunicam ou não, fenômenos absolutamente
diversos.
Ainda com
relação ao termo “sessão espírita”, este é muito vasto, pois pode significar um
estudo do Evangelho, sim! Os Espíritas estudam o Evangelho principalmente as
máximas morais de Jesus; pode significar um estudo sistematizado da Doutrina
Espírita; pode ser uma palestra, uma reunião mediúnica, ou qualquer outra
atividade desenvolvida na Instituição Espírita.
Este é um termo muito amplo, emprega-lo
isoladamente sem qualquer contexto denota total falta de conhecimento sobre o Movimento
Espírita e o Espiritismo, ou ato deliberado para confundir os quem leem
matérias e artigos sobre a Doutrina Espírita. Neste caso penso que seja a
primeira alternativa, seja pelas demonstrações do conjunto do artigo, seja por
algumas colocações tais como “recôndito de incógnitas e acontecimentos
inexplicáveis”, a referir-se a reuniões mediúnicas e local onde ocorra,
situação esta que só ocorre aos olhos do leigo, neste caso a relação dos
espíritos com o mundo corporal.
Com relação
ao desafio da Fundação Rodin este passará muito tempo, se não toda a eternidade
sem um vencedor, pois não há fenômenos fora ou acima das leis da natureza, apenas ainda desconhecias ou já conhecidas e não aceitas por opiniões de
caráter pessoal, o que é respeitável e não se pode violar a consciência de quem
quer que seja, mas estas mesmas opiniões não constituem argumentos contra fatos
comprovados cientificamente, por diversas pesquisas. Situação similar foi vivenciada
por Galileu Galilei, pois a Terra nunca deixou de se mover devido às pessoas
ignorarem ou não acreditarem nos resultados de suas pesquisas.
Também afirmo
que não se apresentaram médiuns espíritas por estes serem conscientes de que o
fenômeno mediúnico para ser autêntico necessariamente envolve inteligências que
assim como qualquer outra são dotadas de vontade, e que mediunidade não é um
“poder” no qual o médium usufrua a bel prazer e quando o deseja, mas sim uma
faculdade como qualquer outra, com o objetivo de fazer progredir
inteleco-moral-espiritual quem a tenha desenvolvido e/ou a sociedade, não
entrando nesse rol angariar fundos ou fama para si ou brincar de mágica, o que
tornaria a mediunidade uma profissão ou um espetáculo. Se há pessoas que assim
procedem, estas não seguem os Princípios Espíritas, não pertencendo ao rol de
seus adeptos, tal qual aquele que se diz católico, mas não acredita na
infalibilidade Papal, nos dogmas e ritos da Igreja e não comunga, não é católico.
O Espiritismo
assim como ocorre a outras ciências, não deseja violar a consciência de quem
quer que seja, pois cada um é livre para compreender e aceitar o que se permita.
A função do Espiritismo é contribuir com uma sociedade mais esclarecida,
consciente e liberta do “sobrenatural”, que ainda hoje atemoriza e é utilizado como
forma de dominação e auxiliar a humanidade a progredir.
Por fim, todo
aquele que se propõe a emitir opinião sobre algum assunto, seja por artigos ou
outras formas deve no mínimo conhecer sobre o que opina, do contrário não
expressará mais do que falácias, caindo em total descrédito e no ridículo para
aqueles que conheçam o assunto. Mais ainda, assume a responsabilidade pelas
opiniões equivocadas geradas naqueles que pouco ou nada sabem sobre o assunto, vinculando-se
as consequências destas.
LIVROS A LER SOBRE O ESPIRITISMO
1. KARDEC, Allan. O Que
é o Espiritismo;
2. KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos;
3. KARDEC, Allan. O
Livro dos Médiuns;
4. KARDEC, Allan. O
Evangelho Segundo o Espiritismo;
5. KARDEC, Allan. O Céu
e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo;
6. KARDEC, Allan. A
Gênese – Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo;
7. AKSAKOF, Alexandre. Animismo e
Espiritismo;
8. CROOKES, William. Fatos Espíritas;
9. DELLANE, Gabriel. O Fenômeno Espírita;
A melhor maneira de que dispomos para debelar o preconceito de nossa sociedade é através do conhecimento, requisito básico a qualquer um que deseje manifestar-se a respeito de algo. Sem o conhecimento mínimo do que se predispõe a tecer opiniões, corre-se o risco de emitir julgamentos pessoais baseados unicamente em “achismos”, muitas vezes eivados de preconceitos, crenças infundadas e erros.
ResponderExcluirParabéns, Edi Carlos, seu texto é muito esclarecedor.