Antes
d’Ele, numerosos conquistadores passaram em nome da paz na Terra…
Ramsés
II, adorado como um deus, marcou o pináculo da civilização egípcia,
derrotando hititas e sírios, mas deixou no próprio rastro o pranto com que as
viúvas e os órfãos lhe almadiçoaram a vida.
Sardanapalo,
o protetor das artes, saqueou Tebas e guerreou Babilônia, sequioso de chacina,
entretanto, assediado em Nínive, precipitou-se, infeliz, com todos os seus
tesouros numa fogueira extensa.
Dario
I, o grande rei da Pérsia, ampliou o seu império, espalhando ruínas, todavia,
retirou-se do mundo numa torrente de intriga e
ódio.
Alexandre
Magno, o condutor dos macedônios, senhorou vários povos, à custa de sangue,
contudo, expirou ainda jovem, legando vasto espólio à culpidez de seus
generais.
Aníbal,
o famoso cartaginês, humilhou espanhóis e gauleses, cruzando os Alpes para
vencer o exército romano, mas, em seguida à largas exibições de autoridade,
roído de amargura e desconfiança, desertou da própria luta através do suicídio.
Todos
desfilaram, usando opressão e rapina, guerrilheiros e mercenários, azorragues e
lanças, carros e catapultas, veneno e punhal, acreditando-se missionários do
progresso e da concórdia, da unificação e da cultura, quando mais não eram que
tiranos da evolução, enfeitados de
pedrarias e sedentos de sangue humano…
Ele,
porém, o Príncipe da Paz, que nascera na manjedoura, passou entre os homens,
sem distintivos e sem palácios, sem ouro e sem legiões.
Seu
reinado foi a revelação do amor entre os simples.
Suas
armas foram, em todos os dias, a bondade e o perdão.
Seu
diadema foi a coroa de espinhos.
Seu
salário foi a morte afrontosa entre malfeitores.
Por
insígnia de poder, ofertou-se-lhe uma cana à guisa de cetro.
E,
por trono de realeza teve a cruz de sacrifício, que converteu na espada do mal,
à ensarilhar-se para sempre no alto de um monte, como a dizer-nos que apensa no
esquecimento voluntário das exigências de nosso “eu”, pelo engrandecimento
constante do bem de todos é que poderemos atingir a senda do luminoso Reino de
Deus.
É
por isso que, volvidos quase vinte séculos, ao recordar-lhe a suprema renúncia,
saudamo-lo em profunda reverência, ainda hoje:
—
Ave Cristo! Os que aspiram vencer a treva e a animalidade em si mesmos, a favor
da verdadeira paz sobre a Terra, te glorificam e te saúdam.
Vianna de Carvalho,
psicografia de Divaldo Pereira Franco
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