Ao observar o lastro luminoso de missões bem realizadas no campo mediúnico, fruto de conquistas íntimas de consequências positivas para a sociedade, qual o exemplo de Francisco Cândido Xavier e Ivone do Amaral Pereira no Brasil, Eusápia Paladino na Itália, e o sueco Emanuel Svendemborg, todo aquele que passa a educar sua faculdade mediúnica pode, equivocadamente, ser levado a pensar que ser portador de mediunidade é ter missão destacada na atual jornada carnal.
Mas
do que as obras dos citados exemplos, e de tantos outros, é importante que o
médium noviço ou já experiente, observe a dedicação e a consciência com que
aqueles doavam-se ao exercício do mandato mediúnico, outorgado pela Suprema
Bondade. Conquistaram altas responsabilidades tão somente por terem galgado um
dia os primeiros degraus da responsabilidade e da doação necessárias à
atividade mediúnica. Indispensável reconhecer que as obras do hoje nada mais
são que as consequências da construção de várias vidas, de algumas quedas, de
muitos soerguimentos.
É
provável que mais de uma vez tenham tido que vencer imprevistos, visitas de
última hora, fenômenos meteorológicos, em nome do trabalho que os aguardavam.
Educaram-se ao longo do passado e da referida encarnação, adquirindo lealdade
ao próprio dever. Venceram o comodismo social, a preguiça mental, o desculpismo
psicológico, as paixões materiais, que invariavelmente boa parcela dos
medianeiros na atualidade esforçam-se ainda por vencer. Sem euforia íntima não há exercício mediúnico produtivo, nos
adverte André Luiz.
Por
alguns instantes, antes de lhes observar as obras e almejar tão destacada
missão, reflitamos como procediam na preparação mental no dia destinado ao
intercâmbio entre os “vivos” e os “mortos”.
Interroguemos
se já adquirimos hábitos saudáveis quais sejam a oração rotineira que em um só
movimento inunda a alma e irradia ao seu derredor eflúvios salutares; o cultivo
de bons pensamentos, sentimentos e emoções em detrimento do bombardeio diário
de ideais contrários; a vinculação a veículos de comunicação edificantes, um
cd, um livro, uma palestra, evitando uma programação excitante e violenta. Só
então, nos condicionando ao trabalho justo e produtivo e se bem realizado,
desembocaremos em responsabilidades maiores no porvir, não antes.
Outros
comportamentos que auxiliam na construção de um caminho seguro para o mediunato
que podemos extrair das luminosas referências, é esquivar-se a lisonja e de angariar
recursos de qualquer ordem provenientes do intercâmbio espiritual. Superar
conflitos quanto a questões da
consciência vigilante ou da inconsciência sonambúlica durante o transe, os
temores inúteis e as suscetibilidades doentias, guiando-se pela fé raciocinada
e pelo devotamento aos semelhantes.
Recordemos
ainda a lição silenciosa e exemplar de Chico Xavier quando do recebimento de
informes de filhos, pais e amigos que já de retorno ao mundo causal,
psicografava sob os olhares de muitos corações chorosos, mas não transformava o
fenômeno em espetáculo. Que busque o medianeiro de agora desenvolver a
simplicidade no momento do intercâmbio mediúnico evitando quanto possível
trejeitos tão desnecessários quanto desequilibrantes do ambiente, tais como:
fungados, gemidos, batimentos de mãos, respiração ofegante entre outros.
O
médium é senhor de seu corpo no momento da comunicação e responsável pela
mensagem que se faz portador. Nunca é demais destacar que o dirigente da
reunião desnecessita de tais comportamentos do medianeiro, para perceber a
presença dos comunicantes. Bastam a ele a experiência que é filha do esforço e
do tempo, bem como a intuição e a inspiração dos bons espíritos envolvidos com a
atividade.
Por fim não descuidar de que os maiores inimigos do
exercício mediúnico encontram-se em si mesmo, necessitando de muita disciplina,
disciplina e disciplina para suplantar a ambição mundana, a vaidade que se
esgueira silenciosa, a ausência de autocrítica ou a falta de perseverança, pois
no rastro do orgulho, segue a ruína.
AUTORIA: Edí Carlos R. de
Oliveira
REVISÃO: Maria José Nunes Nepomuceno
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
VIEIRA,
Valdo. Conduta Espírita, psicografia de mensagens do Espírito André Luiz. 21.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998.
Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa (DPLP) http://www.priberam.pt/DLPO/
Dicionário
Informal http://www.dicionarioinformal.com.br/desculpismo/
GLOSSÁRIO
LASTRO: 1. [Marinha] Areia, barras de
metal ou outro peso que se mete no fundo do porão do navio que não leva
bastante ou nenhuma carga; 2. Sacos de areia que vão na barquinha do aeróstato.
3. [Figurado] O que se come para dar azo a beber. 4. Base (em que se firma alguma coisa). 5. Tudo o que faz aguentar
o peso.
JORNADA: 1. Caminho que se anda num
dia; 2. Viagem (por terra); 3.
Expedição ou empresa militar. = BATALHA; 4. Trabalho correspondente a um dia; 5.
Salário de um dia. = DIÁRIA, JORNA; 6. Dia em que há um acontecimento importante
(ex.: jornada de luta); 7. Encontro, colóquio, congresso (ex.: jornadas do patrimônio).
(Mais usado no plural.); 8. [Esporte] Cada uma das séries de competições em que
se divide um calendário esportivo.
MANDATO: 1. Autorização ou procuração
que alguém dá a outrem para, em seu nome, praticar certos atos; 2. Delegação;
procuração; 3. Ordem; 4. Confiança; 5.
Sentença ou decreto; 6. [Religião católica] Lava-pés.
OUTORGAR: 1. Consentir em; 2. Conceder; 3. [Direito] Estipular,
declarar (em escritura pública).
GALGAR: 1. Transpor, subindo ou
passando por cima. = PULAR, SALTAR; 2.
Passar para cima. = SUBIR, TREPAR ≠ DESGALGAR; 3. Andar a passo largo. =
CORRER; 4. Ir além de. = SUPERAR,
TRANSPOR, ULTRAPASSAR; 5. Vencer distâncias. = PERCORRER; 6. Subir (em
postos, honras, etc.); 7. Tornar plano ou direito. = ALINHAR, ENDIREITAR; 8.
Tomar medidas com o compasso.
SOERGUER: 1. Erguer, levantar algum tanto; 2. Levantar-se um pouco e a custo.
DESCULPISMO: 1. Ser condescendente com suas próprias faltas; 2. Ter sempre um
discurso pronto para se autojustificar; 3. Desculpas que damos a nós mesmos ou
ao próximo.
ALMEJAR: 1. Desejar muito, com ânsia; 2. Agonizar.
DERREDOR: 1. Em roda, à volta. 2. em
derredor de; Em torno, em volta de.
EFLÚVIOS: 1. Fluido sutilíssimo que eflui; 2. Exalação, emanação; 3.
[Figurado] Aroma, perfume.
DETRIMENTO: 1. Dano, prejuízo. 2. em
detrimento de; Causando prejuízo ou
desvantagem em.
DESEMBOCAR: 1. Fazer sair; 2. Sair
(como por uma boca); 3. Desaguar; 4. Lançar-se; 5. Ir dar. Confrontar: desembuçar.
LISONJA: 1. Ato ou efeito de lisonjear.
= LISONJARIA; 2. Louvor afetado; dito
lisonjeiro. 3. [Geometria] Losango.
TREJEITO: 1. Gesto; careta; esgares; 2. Escamoteação; 3. Prestidigitação.
SUPLANTAR: 1. Deitar abaixo. =
DERRIBAR, DERRUBAR; 2. Obter uma vitória
relativamente a. = SUPERAR, VENCER; 3. Humilhar, rebaixar; 4. Meter debaixo
dos pés. = CALCAR, ESPEZINHAR; 5. Ser superior a ou ser melhor do que (ex.:
suplantar os medos; ele suplanta-se para conseguir melhores resultados). =
EXCEDER, SUPERAR, ULTRAPASSAR
ESGUEIRA: 1. Desviar; 2. Tirar com destreza; 3. Dirigir cautelosamente; 4. [Informal] Safar-se
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